Associação Florestal do Baixo Vouga e Forestis – Associação Florestal de Portugal promovem jornada de debates sobre a gestão florestal agregada, um dos mais importantes temas da atualidade do setor.
Realizou-se no passado mês abril, no auditório da Biblioteca Municipal de Albergaria-a-Velha, um encontro de entidades do setor florestal sobre o tema “Gestão Florestal Agregada: Uma prioridade para o minifúndio”. Com a presença de mais de 67 responsáveis de 22 OPF (Organizações de Produtores Florestais), a manhã foi dedicada a apresentações e debates centrados nos modelos de gestão agregada e no “Manifesto Floresta 2030: Um compromisso para o futuro”, subscrito por todas as entidades do setor florestal no sentido de comunicar orientações dos profissionais da floresta às entidades governativas. Durante a tarde decorreu uma visita de campo à Área Florestal Agrupada da Panasqueira, em Águeda.
O tema da gestão agrupada de minifúndios tem vindo a assumir-se uma questão importante para o setor florestal, já que pode ser uma solução para a viabilidade económica de áreas florestais de pequenas parcelas com diversos proprietários. A ideia é juntar os proprietários de minifúndios situados na mesma área florestal e aplicar um modelo de gestão agregada capaz de rentabilizar recursos e gerar rendimentos, que de outra forma seriam inviáveis.
A AFBV tem vindo a promover com muito empenho o agrupamento da gestão florestal e possui já três casos de sucesso de Áreas Florestais Agrupadas em Águeda, Albergaria e Vagos.
Declarações dos intervenientes
Luís Sarabando, Coordenador da AFBV, defendeu que “ganhar escala na gestão é um desafio obrigatório para os proprietários e a gestão agregada pode ser uma solução para o minifúndio”.
Sobre o Manifesto Floresta 2030, o Presidente da Direção da Forestis, Luís Braga da Cruz, reforçou que “todos os documentos setoriais assumem que as OPF são fundamentais. No entanto, é necessário dar o passo seguinte e criar verdadeiras ferramentas para que as OPF possam potenciar o seu papel no território, concretizando mesmo algumas medidas como o estabelecimento de contratos-programa com as associações para remuneração do serviço público que prestam à sociedade ou a regionalização dos apoios à floresta com simplificação dos processos de candidatura para que a floresta de minifúndio do Norte e Centro possa ter acesso aos fundos nacionais e europeus”.
António Guimarães, Presidente da Direção da AFBV acrescentou que “os espaços florestais em Portugal produzem bens e serviços não mercantis – sequestro carbono, água, etc. -calculados em valor total de mais de 2 mil milhões de euros por ano e que são um benefício para o conjunto da sociedade” afirmando que “é fundamental que a remuneração desses serviços de ecossistema chegue aos proprietários e ao terreno para viabilizar a gestão do território”.
Outro dos intervenientes, Gonçalo Vieira da empresa The Navigator Company, apontou a simplificação do quadro legal do setor como outro tópico relevante muito relevante porque “92% da Floresta em Portugal é privada, mas encontra-se excessivamente regulada pelo estado, facto visível nas centenas de leis e diplomas vigentes sobre a floresta”. O encerramento ficou a cargo do Presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha, António Loureiro, citando que “a floresta possui um impacto muito grande sobre a microeconomia das regiões e tem que ser encarado como oportunidade para o país ligando-a igualmente ao setor do turismo para criar mais valor e riqueza”.